sexta-feira, 17 de julho de 2009

Reflexão Final

O percurso que realizei nesta Unidade Curricular contribuiu para a minha consciencialização sobre como os adolescentes se socializam com recurso aos medias digitais de que dispõem. Esta consciencialização é essencial, por exemplo, para o cumprimento de um objectivo deste mestrado: "conceber, desenvolver e analisar recursos educacionais multimédia" que motivem os jovens para a aprendizagem.

Metodologia

Durante o percurso de aprendizagem que realizei, tive a oportunidade de participar em fóruns de discussão e em trabalhos de grupo que, sem dúvida, me enriqueceram, pela troca de conhecimentos que me proporcionaram e por me terem facultado o desenvolvimento da capacidade de estudo autónomo e da capacidade de síntese. O funcionamento dos fóruns de discussão apelam à construção colectiva de um corpo de conceitos e ideias de que todos se devem apropriar. Assim as pequenas participações, que contribuem com alguma ideia para o debate e que não esgotam o tema em si mesmas, são de extrema importância para essa construção do conhecimento, no formato em que este é feito. Procurei algumas vezes, não só acrescentar algo à discussão, mas apresentar opiniões divergentes, pois considero que essa é uma questão de honestidade intelectual assim como também contribui para a riqueza do debate. Entre o reconhecimento de opiniões concordantes e a apresentação de opiniões divergentes que enriqueçam o debate, esta última tem uma especial importância, na minha opinião, pois abre novos caminhos de reflexão sempre saudáveis, para um resultado final que se deseja, não uniforme ou conformista, mas sempre aberto às mudanças que os temas discutidos comportam.
Nos trabalhos de grupo, foi possível encontrar consensos e desenvolver um conjunto de tarefas cujo resultado foi reconhecido por todos como muito positivo.

Conteúdos

Considero que os temas abordados foram interessantes e pertinentes para esta Unidade Curricular. Os debates em fóruns e os trabalhos de grupo tiveram, mais uma vez, um papel muito importante na apropriação que fizemos dos conteúdos abordados, uma vez que a reflexão que foi feita, para que fosse significativa, obrigava à leitura atenta dos textos propostos e à reflexão sobre os mesmos.
No tema Nativos Digitais vs Imigrantes Digitais, analisámos duas categorias de utilizadores da Internet e das novas tecnologias, propostas por Prensky, cuja caracterização se mantém actual (o primeiro texto remonta a 2001), na medida que retrata duas ou mais gerações de pessoas que se distinguem pela aprendizagem informal que o contacto, ou não contacto, precoce com as novas tecnologias permitiu. Analisámos também as áreas onde os Nativos Digitais se distinguem pela forma como lidam com as novas tecnologias, o que contribuiu para termos uma visão da variedade dessas áreas de destaque, onde se verifica, por contraste, a supervisão dos Imigrantes Digitais que podem ser professores, educadores ou pais.
No tema Identidade Social na Adolescência, analisámos o processo de construção da identidade dos jovens, com especial foco na forma como esse processo se manifesta no uso que os mesmos fazem dos medias digitais ao seu dispor. Esta análise global, foi mais especifica no tema seguinte, que permitiu aprofundarmos o nosso conhecimento, pelos textos disponíveis, sobre como os jovens utilizam medias digitais específicos, como blogues, redes sociais, páginas de Internet e telemóveis.
Para aplicação dos conceitos abordados nos textos lidos anteriormente, nomeadamente no que se relaciona com a identificação de marcas identitárias dos adolescentes, tivemos a oportunidade de confirmar a existência dessas marcas em sites sociais na actividade de grupo que se seguiu e na análise que lhe sucedeu, tanto nos trabalhos realizados pelos grupos, como pelas participações nos fóruns.

Em geral, esta Unidade Curricular contribuiu para aprofundarmos a noção de que os jovens adolescentes se socializam recorrendo às novas tecnologias, nomeadamente aos recursos de comunicação que designámos por "medias digitais". Este processo de socialização faz parte integrante do processo de construção da identidade do adolescente. Portanto, na forma como utilizam as ferramentas ao seu dispor, os jovens imprimem marcas que os identificam com grupos de outros jovens, na busca de aceitação e/ou de envolvimento com a rede de "amigos". A comunicação gerada, ou a produção de todo o tipo de conteúdos, devem ser alvo de compreensão por parte da sociedade, especialmente por aqueles que, de alguma forma, têm responsabilidades na formação ou educação dos jovens. O facto de os jovens aprenderem informalmente com estes recursos deve ser considerado nas práticas pedagógicas das escolas, pois a utilização dos mesmos com qualidade e responsabilidade é uma aprendizagem necessária que deve ser feita, não só por motivos pedagógicos como por motivos de segurança.
A consciencialização da sociedade e, especialmente, das famílias é outro factor que deve ser aprofundado.

Análise da Identidade em Sites Sociais(2)

Sobre o tema da segurança da Internet, um tema que tem sido transversal neste mestrado, retenho a participação de uma colega que transcrevo em baixo.
A exploração que os jovens fazem da Internet (blogues, sites, redes sociais, jogos), não está isenta de riscos. Mas no mundo em que vivemos, os riscos também existem na televisão, na rua, na escola, em casa. Porque nos preocupamos então com a segurança na rede? Em primeiro lugar porque temos a noção de que existem coisas e pessoas boas e más, à luz dos nossos valores como pais ou como educadores. Acrescente-se que a atitude que temos em relação aos jovens que navegam na Internet é tão importante como a atitude que temos com os jovens com quem convivemos, na escola, na família, na sociedade.
O bullying e a pedofilia na Internet são aspectos que se devem combater sem tréguas, mas estes não são mais que a transposição de uma realidade negativa que sempre se manifestou na sociedade sem Internet, agora tornada global com a velocidade a que a informação viaja. Nos Estados Unidos, o suicídio de Megan Meier, em 17 de Outubro de 2006, veio confirmar a face negra das redes sociais, MySpace no caso específico. Em Portugal as estatísticas também são preocupantes e o mais recente caso da rapariga de 14 anos violada, veio contribuir para alertar a sociedade para este problema.
Perante este quadro, há cuidados e atitudes que se devem ter e que são profusamente divulgados em sites dedicados. Creio que o post que a seguir apresento contribuiu também para o debate sempre necessário sobre esta temática.

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Olá a todos,
Antes de mais: parabéns a todos os “grupos musicais” pelos trabalhos apresentados sorriso!

Depois da leitura e análise das grelhas das marcas identitárias em sites sociais de adolescentes, verifica-se que o site Hi5 foi o escolhido pela maioria dos grupos.

No entanto, antes de continuar, gostaria de referir que concordo com o que já foi exposto anteriormente!

Tal como a Sandra já referiu, o Hi5 é o site mais utilizado em Portugal. Entre os diversos sites de redes sociais, o hi5 lidera a rede social, seja no número de utilizadores únicos, páginas vistas ou tempo de permanência no site.

Concluo, assim, que as redes sociais, nomeadamente o Hi5, revelam-se atraentes para os jovens adolescentes, na medida que lhes permite ter uma presença on-line no mundo virtual.

Estes sites são considerados como se fossem sites de relacionamento com um determinado perfil, onde podem fazer uma exposição criativa a vários níveis, através da partilha de fotografias, músicas, textos e vídeos. Para além disso, como também já foi referido, neste fórum, todos podem ver os amigos dos amigos. Em muitos casos verifica-se que existe uma grande competição, entre os adolescentes, para verem quem tem um maior n.º de contactos nas suas listas.

Como adultos que somos, poderemos ter algumas dificuldades em perceber como "eles" podem ter tantos contactos. Mas é possível ...como pudemos constatar. Surge assim as preocupações de muitas famílias, escolas e comunidades.

“Como podemos deixá-los desfrutar desta realidade sem que se exponham aos riscos de contactos de desconhecidos, por ventura mal intencionados? “

Assim, quanto à segurança dos jovens, nas redes sociais, Tito Morais tem desenvolvido muito trabalho nesta área. No ano anterior escreveu um artigo que visa contextualizar este problema e sugere algumas soluções. Uma das sugestões passa pela criação de uma pirâmide de confiança.

O facto dos sites das redes sociais levarem os jovens a classificarem esses contactos como "amigos" não faz desses contactos, necessariamente "amigos", no verdadeiro sentido da palavra. Esta é uma distinção que importa sublinhar junto dos jovens e que releva a importância da criação de uma pirâmide de confiança que hierarquize estes contactos. Assim:

  • No topo da pirâmide estão os familiares;
  • No nível seguinte, a contar de cima, estão os amigos que conhecemos presencialmente, na vida real;
  • No nível imediatamente abaixo, estão os conhecidos. Aqueles que conhecemos da presencialmente da vida real, mas que não consideramos verdadeiramente como amigos;
  • No nível inferior da pirâmide, está o "resto do mundo", isto é, pessoas que apenas "conhecemos" da Internet e que apesar de fazerem parte da lista de "amigos", são na realidade desconhecidos.
Mas o importante a reter é que o nível de confiança dos contactos de cada um destes patamares deve ser tão mais alto quanto mais acima na pirâmide eles estiverem. E tão mais baixo, quanto mais na base da pirâmide eles se encontrarem. A ideia é que os jovens devem relacionar-se e confiar nestas "categorias" de pessoas da mesma forma como se relacionam com elas no mundo real.

http://miudossegurosnanet.blogs.sapo.pt/

Bom fim de semana sorriso

[] Milena Jorge

Análise da Identidade em Sites Sociais(1)

No fórum de discussão sobre as análises realizadas pelos diferentes grupos, tive a oportunidade de fazer esta intervenção que creio constituir uma síntese das conclusões apresentadas nos trabalhos de grupo. Não é no entanto exaustiva no enumerar das observações realizadas nos sites analisados. Os aspectos focados foram: aspecto gráfico do site, identificação do autor, número de amigos e comentários, fotografias e leituras. Este último aspecto foi referido em resposta a uma intervenção de um colega, no sentido de realçar que o facto de os jovens não revelarem leituras não significa necessariamente que não as façam. Mas constata-se que este aspecto da leitura não faz parte dos temas de conversação ou de comunicação dos sites sociais analisados. As causas desta ausência deviam ser investigadas para se poderem tirar conclusões, nomeadamente no que se relaciona com a natureza e função das redes sociais e da evolução dos hábitos de leitura dos jovens.
As análises apresentadas neste fórum foram, na grande maioria, coincidentes na apresentação de marcas identitárias que os jovens imprimem nos seus sites. Penso que na totalidade das participações foram apresentados argumentos que revelavam compreensão das motivações dos jovens e das causas que sustentam as suas participações em sites sociais. Este é um ponto essencial. Um aspecto que não refiro nesta apresentação e que abordarei noutro post é a questão da segurança dos jovens na Internet. Este é um ponto onde, mais do que extremar de posições ou a dramatização excessiva, o equilíbrio é essencial.

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O que dizer quando tudo já foi dito? sorriso Concordo com a análise aqui feita pelo Rui. Acrescento ou reforço alguns pontos que também considerei recorrentes nos sites analisados.

Aspecto gráfico - Os jovens dão valor ao aspecto gráfico das suas páginas, como sendo um elemento de valorização pessoal e, portanto, uma marca identitária. Um facto que reforça este aspecto são os comentários existentes que elogiam as opções estéticas de cada um.

Identificação - Os sites analisados pelos diferentes grupos, na sua maioria, revelam a identidade dos seus autores. Por facilidade de acesso da nossa parte, os sites escolhidos têm os perfis acessíveis a todos. A localização geográfica é, na maioria dos casos, revelada.

Amigos/comentários - Foi confirmado, nomeadamente pelo grupo Heavy Metal, que o número de amigos quando elevado, pode não revelar popularidade. Por vezes, encontramos jovens com menor número de amigos mas com mais comentários às suas páginas, o que revela, este sim, maior envolvimento (ou aceitação) com os amigos presentes na rede social.
Como mera curiosidade, posso revelar o facto de eu ter criado uma página no Hi5, para poder visitar algumas páginas de alunos da minha escola, para este trabalho. Alguns alunos pediram-me amizade, que aceitei. Passado uma semana tinha quatro amigos no Hi5.(!) Quando referi este facto, respondendo a um aluno, numa turma, ouvi risos e comentários negativos, curiosamente por parte dos rapazes ("Só 4 amigos?!"). Os comentários que relativizavam este facto vinham predominantemente das raparigas ("Oh! Isso não quer dizer nada!").

Fotografias - Este é um aspecto muito importante na utilização que os jovens fazem dos sites sociais. Os sites disponibilizam recursos que facilitam a colocação de fotografias. Os jovens mostram fotografias onde se apresentam ou apresentam amigos, familiares (como irmãos e primos). Muito raramente apresentam os pais, o que pode ser um dado significativo, relacionado com a construção de identidade. Uma marca pessoal muito revelada está relacionada com o facto de os jovens apresentarem fotografias com enquadramentos cuidados e com preocupações estéticas (como revela o Rui), de certa forma, reveladores de uma preocupação em ser diferente ou irreverente.

Leituras - O facto de os alunos não revelarem lerem livros nos sites, só por si, não revela que os jovens (dos sites analisados) não lêem livros. Sabemos apenas que os jovens não revelam essa informação. Para um estudo sobre este aspecto seria mais apropriada a metodologia usada por Stern (2008).

[] Paulo

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Grelha de Análise de Sites Sociais de Jovens

Com esta actividade, tivemos a oportunidade de concretizar algumas ideias que fomos discutindo ao longo desta UC. Num trabalho de grupo que decorreu de forma muito positiva, analisámos 4 sites sociais de 4 jovens adolescentes. Embora a amostra seja muito reduzida para um estudo preciso, foi possível confirmar a existência de marcas identitárias dos adolescentes nos sites analisados. Foi possível confirmar que os jovens utilizam os seus sites sociais, essencialmente, para se manterem em contacto com o grupo de amigos, mas também para fazer amigos online. Além da importância de se manter em contacto, os jovens utilizam os seus sites sociais para partilharem as suas preferências musicais. A apresentação gráfica do site, também revela uma marca identitária muito importante, uma vez que a mesma condiciona a opinião dos outros. Outro factor que foi revelado, nos sites analisados, foi a exibição de fotografias pessoais dos autores. Os jovens partilham fotografias suas, sozinhos, com a família, nos seus quartos ou com os amigos. Há, em alguns casos, uma estilização das fotografias tiradas, nomeadamente, revelando cuidado com a pose, com o ângulo de disparo, com as cores ou tirando a preto e branco.
Os sites também são utilizados para transmitir opiniões sobre os outros. A maior parte das opiniões expressas são positivas. Mas, por vezes, encontram-se expressas opiniões negativas sobre conhecidos, muitas vezes relacionadas com relações amorosas concluídas ou intromissão nas relações de outros. Os sites sociais, são assim utilizados como um meio de comunicação entre os jovens.

1ª Intervenção Seleccionada

Esta minha participação foi realizada no Fórum sobre Nativos Digitais e Imigrantes Digitais. Escolhi esta participação porque foi ao encontro da reflexão que era proposta e reflectiu sobre uma questão adicional colocada pela professora Maria João Silva:
"- Sendo a nova forma de aprender do estudante digital centrada nos "seus critérios e apenas sobre os seus interesses", (tal como foram referindo), que implicações terá esta característica na educação dos mesmos?"
Esta questão é central. Se os conteúdos leccionados nas escolas não vão ao encontro das motivações dos adolescentes, o que devemos fazer? Colocando a questão de outra forma, os professores devem integrar os novos recursos utilizados pelos alunos, nas suas práticas lectivas?
Como parte integrante da motivação que referi nesta participação, refiro, sem dúvida, a utilização de materiais ou estratégias com os quais os alunos se sintam identificados. A utilização de blogues já é um facto em algumas práticas lectivas. A utilização do telemóvel, nas práticas lectivas, no ensino do português já ocorre em Portugal. Tive a oportunidade de assistir a uma apresentação muito interessante sobre esta prática, na Universidade do Minho (Challenges 2009).
Por outro lado, os jovens necessitam de referências que lhes permitam fazer escolhas úteis e de qualidade. Aqui, o papel da escola é importante.
Ainda tive a oportunidade de responder sobre se os nativos digitais têm mais probabilidade de sucesso. Ainda hoje manteria a mesma resposta. Por outras palavras, o domínio das tecnologias e a capacidade de interacção na rede não deve substituir a nossa capacidade de nos relacionarmos positivamente nos locais físicos onde nos encontramos.


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Caros colegas e professoras,

considero que todos os trabalhos apresentaram um "perfil do estudante digital" baseado nas características propostas por Prensky. Todos foram eficazes nessa abordagem, indo ao encontro da proposta inicial. Aproveito as palavras do Pedro, que duvidou, baseando-se no contacto com os alunos, sobre essa caracterização aparentemente fechada de dois tipos de utilizadores dos recursos digitais: Nativos e Imigrantes Digitais.
No debate que se tem feito sobre este tema, Bennett, Maton e Kervin (2008), em The ‘digital natives’ debate: A critical review of the evidence, colocam também a dúvida sobre algumas características dos Nativos Digitais apontadas por Prensky. Eles referem que investigações realizadas com alunos (da era digital) de instituições de educação dos Estados Unidos, de facto, utilizam computador pessoal, Internet, telemóvel ou outros recursos tecnológicos, em grande percentagem, mas apenas uma pequena percentagem de alunos cria conteúdos multimédia, domina linguagem de programação, mantém blogues ou sites, tem computador portátil, entre outros recursos. Além disso, alertam para o facto de, ao centrarmos o estudo num grupo muito reduzido de alunos, podermos estar a negligenciar uma geração que na sua grande maioria não se enquadra perfeitamente na categoria de Nativo Digital.

No entanto, compreendendo a preocupação de Prensky ao estabelecer um conjunto de domínios em que os "Nativos Digitais" estão a abrir novos caminhos, gostaria de responder às questões levantadas pela professora Maria João Silva quanto às implicações das "preferências de aprendizagem" do estudante digital. Segundo Prensky, os Nativos Digitais aprendem com maior facilidade tudo o que os motiva particularmente e isso não inclui, na maior parte dos casos, os conteúdos dados na escola. Por um lado, deve colocar-se à escola a responsabilidade de "saber" motivar os alunos para a aprendizagem de conteúdos considerados essenciais para a sua formação. Por outro lado, ao considerar-se as preferências dos alunos, temos de estar atentos aos inúmeros factores externos a que os alunos estão sujeitos (como a publicidade) e procurar que estes desenvolvam um sentido crítico em relação à utilidade ou à natureza dessas influências.

Relativamente à segunda questão, creio que no domínio das tecnologias e da exploração das suas potencialidades o estudante digital (de Prensky) tem mais probabilidade de sucesso que o imigrante digital. Mas, se as tecnologias permitiram aproximar pessoas que estão a milhares de quilómetros de distância, falta no texto de Prensky a caracterização do Nativo Digital (ou do Imigrante Digital) quanto à sua capacidade de se relacionar com as pessoas que lhe estão fisicamente próximas. E para mim, Imigrante Digital, o futuro ainda passa por aí.

[] Paulo Azevedo

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Actividades Sociais e Desenvolvimento da Identidade nos Jovens

Ao longo desta actividade tivemos a oportunidade de confirmar uma necessidade que já realcei nas reflexões anteriores: os adultos devem analisar a forma como os jovens utilizam a Internet não à luz das suas referências culturais como adultos, mas procurando a compreensão sobre quais são as motivações dos jovens que estão na base da utilização que fazem das novas ferramentas de comunicação ao seu dispor. Esta é, por exemplo, uma das preocupações de Susannah Stern. E da leitura das sínteses de cada grupo, pode encontrar pode concluir-se que os jovens utilizam os recursos disponíveis para um largo conjunto de actividades que lhes permita construir a sua identidade imprimindo uma marca na sociedade. É notável a forma como em comunidades referidas nos textos, os jovens utilizam as novas tecnologias para se envolverem socialmente, promovendo a resolução de conflitos, exprimindo as suas opiniões, manifetando preferencias culturais ou artísticas e mesmo condicionando a atitude da sociedade em relação si próprios. Na criação e manutenção dos seus espaços online (fóruns sociais, blogues ou sites), os jovens evidenciam determinadas opções estéticas e colocam determinado tipo de mensagens (textos, vídeos ou imagens) que constituem as suas marcas identitárias.

Identidade Social na Adolescência

Sobre a discussão do Processo de Construção de Identidade na Adolescência, tivemos a oportunidade de ler dois textos sobre o uso que os adolescentes fazem dos blogues e sobre a construção de páginas pessoais como uma forma de afirmação social. A partir deste momento, a discussão gerada foi sobre como os jovens utilizam os blogues e como constroem sites, sendo que esta discussão por vezes se desviou das investigações apresentadas nos textos lidos. Por vezes, as participações abordaram perspectivas pessoais sobre como os jovens adolescentes utilizam estas ferramentas, perspectivas essas nem sempre baseadas numa visão de compreensão da adolescência como uma fase de descoberta do eu, e exploração da identidade, de erros e correcções, de pequenos passos, que para os adultos podem ser "pequenos nadas", mas para os adolescentes assumem um papel vital no seu desenvolvimento.
No entanto, o objectivo desta actividade era o de identificar as características e discutir o processo de construção da identidade na adolescência. E o objectivo foi cumprido. Foram referidas as formas como os adolescentes utilizam os seus blogues, para quê ou para quem se destinam os posts lá colocados. Foram resumidas as formas como os adolescentes, analisados nos textos lidos, constroem as suas páginas pessoais e quais as características desses sites. Apesar de se ter considerado que a construção de sites em Portugal, por jovens adolescentes, não ser significativa, a análise dos sites referidos nos textos contribuem para a compreensão de como os jovens utilizam estes recursos de comunicação para imprimirem uma marca pessoal na sociedade onde estão inseridos. Os sites e os blogues constituem ferramentas que, pelas suas características, permitem aos jovens comunicar com outros jovens, manifestar preferências pessoais ou culturais, demonstrar capacidades ou conhecimentos ou expressarem-se artisticamente. E os jovens fazem-nos explorando a sua própria identidade, experimentando atitudes e posturas, que muitas vezes se relacionam com os grupos sociais, étnicos, culturais a que pertencem, ou com os quais se sintam identificados.